Taurina: aminoácido essencial para os gatos.
- Victoria Costa - Admin
- 17 de mar. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 18 de mar. de 2018

A taurina é um aminoácido presente principalmente nos músculos esqueléticos, sistema nervoso, coração e retina. Sua síntese se dá através da conversão da cisteína (outro aminoácido), via uma enzima chamada cisteína ácido sulfínico descarboxilase, a mesma é encontrada em baixas quantidades no organismo felino e leva a uma dificuldade na conversão da cisteína em taurina para atingir níveis adequados no organismo. Por isso, é necessário ficar de olho na dieta do seu gato, pois a deficiência de taurina pode acarretar em patologias graves.
Um estudo realizado pelo Departamento de Bioquímica do Desenvolvimento do estado de Nova Iorque, mediu a correlação entre problemas reprodutivos e oftálmicos em gatas que foram alimentadas com uma dieta livre de taurina, mas não de cisteína. Nos resultados do estudo foi possível notar uma discrepância significativa nas gestações das gatas com dieta livre de taurina, quando comparadas as gestações das gatas que receberam uma dieta suplementada com taurina. Ao todo, cada grupo de gatas teve dezoito gestações, a quais somente seis gestações do grupo que não recebeu taurina conseguiu chegar até o fim, e pior, dos 24 filhotes que nasceram 6 foram fetos natimortos, ou seja, foram expulsos já mortos do útero materno, e dez morreram com pouco intervalo de tempo após o parto, sendo apenas oito os filhotes viáveis e saudáveis o suficiente. Nos filhotes considerados viáveis ainda foram encontradas várias alterações morfológicas no córtex cerebral, tanto macroscopicamente quanto microscopicamente. Com relação as gatas, observou-se grande deterioração da retina e do tapete lúcido (estrutura anatômica do olho muito desenvolvida em animais de vida noturna como os gatos). Esse tipo de lesão pode levar a cegueira, proveniente do descolamento de retina e da morte das células fotorreceptoras.
Outro problema ocasionado pela deficiência nutricional de taurina é a cardiomiopatia dilatada (CMD), na qual as câmaras do coração aumentam de volume e suas paredes tendem a se estreitar. A consequência principal é a insuficiência cardíaca, pois o coração perde a capacidade de bombear o volume de sangue necessário para os tecidos do corpo. Abaixo há um desenho esquemático da CMD, à esquerda um coração normal e à direita um coração dilatado:

Outro ponto importante sobre a nutrição felina a se abordar quando se trata da deficiência de taurina, são as dietas vegetarianas. O motivo pelo qual os gatos tem essa dificuldade de transformar cisteína em taurina é resultado da evolução. Os felinos sempre foram essencialmente carnívoros, dessa forma o seu organismo foi adaptado para esse tipo de dieta, com enzimas próprias para digerir uma alimentação rica em proteína animal. Sendo a taurina um aminoácido encontrado em quantidades relevantes na proteína de origem animal, os gatos nunca tiveram grandes necessidades de sintetizar a taurina endógena a partir da cisteína. Por isso, essa é uma das razões para a contraindicação de dietas vegetarianas para animais carnívoros.
Bibliografia consultada:
STURMAN, John A., Feline Maternal Taurine Deficiency: Effect on Mother and Offspring. Department of Developmental Biochemestry. New York, Staten Island, 1985
LAPPIN, MICHAEL R., Feline Internal Medicine Secrets. HANLEY & BELFUS, Philadelphia, 2001.
KNOPF, Karen., Taurine: An Essential Nutrient for the Cat. Harvard School of Public Health, Department of Nutrition. Boston, Massachusetts.
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